O livro Contos, de Charles Dickens, veio como segundo livro em um dos kits do Clube de Literatura Clássica e possui três contos, sendo o primeiro bem característico dos textos do autor, que revela as mazelas da sociedade inglesa de maneira leve, os outros dois são contos góticos, o que foi uma enorme surpresa pra mim, pois eu não sabia que o autor também escrevia nesse estilo literário.
‘Casa de pensão‘ é o primeiro conto aqui reunido e conta a história de uma pensão cheia de causos do cotidiano, uma família de não parentes reunida pelo mesmo teto. Pessoas comuns que se conhecem, trocam experiência e até mesmo se casam depois de um tempo de convivência, claro, há também descobertas cabeludas… A escrita de Dickens é sempre um deleite em humor e observações perspicazes. Na condução da narrativa, o narrador em terceira pessoa quebra a quarta parede e se aproxima ainda mais do leitor da movimentada pensão.
‘O véu negro‘ é um conto gótico escrito por Charles Dickens, o que me surpreendeu bastante, pois eu só conhecia suas histórias mais leves e cotidianas. Essa história começa numa noite chuvosa, uma senhora adentra o consultório do cirurgião em plena agonia e pede que o médico vá a sua residência no dia seguinte, mas poderia ser tarde demais. Sem entender os motivos que a aflita senhora não o permitia ir no mesmo dia e informava que talvez fosse um inútil ir no dia seguinte, aquilo atormentou o médico durante a noite. No dia seguinte, o bairro lúgubre a ser visitado só causou ainda mais ansiedade no Dr. Ele queria ver o estado de seu paciente o quanto antes. A casa era escura, sombria e regado pelos prantos da sua visitante da noite anterior. A consulta ao “enfermo” trouxe uma grande revelação. A tensão do médico é palpável ao longo da narrativa, deixa o leitor ansioso para descobrir o que está acontecendo. Dickens é um maestro, conduz o leitor conforme sua intenção.
‘Para ler ao crepúsculo‘ é outro conto gótico de Dickens! Dessa vez, história de fantasma. A narrativa começa com um grupo de homens que discutem sobre coincidências, milagres, fantasmas e coisas do acaso. Até que um deles resolve contar uma história para cair em júri e ser decidido se aquilo seria ou não uma aparição fantasmagórica. A história me lembrou tantas outras obras, como ‘O morro dos ventos uivantes’ e ‘A outra volta do parafuso’, mas nada demais, apenas traços marcantes das histórias góticas, como sonhos assombrados, por exemplo.
Esse foi um livro de leitura rápida, fiquei com muita vontade de ler mais contos do autor, descobrir suas mais variadas facetas. A cada nova leitura de Dickens tenho a impressão de que ele se tornará um dos meus autores preferidos da vida!