
Conheci esse livro ao pesquisar sobre produtividade e fiquei surpresa com o conteúdo aqui disposto, isso porque a obra possui menos de 50 páginas e conseguiu tocar no cerne da questão preguiça. Devo ressaltar que o conteúdo desse livro é de cunho religioso, o que não é grande surpresa tendo em vista que o autor é um padre.
A preguiça é um dos pecados mais corriqueiros e que muitas vezes nem nos damos conta de quão impregnado ele está em nossas vidas. Interessante que o Padre Faus descreveu a maioria das pessoas logo no comecinho, quando ele demonstra que muitas vezes um “não posso, estou ocupada” é reflexo de pura preguiça, ele, então, nos convida a refletir o que há por trás do nosso não posso.
“Seria muito bom que cada um de nós revisasse, sinceramente, o que há por trás dos nossos não posso. Não demoraríamos a descobrir, com evidência, que se trata de uma falta de interesse ou de uma falta de amor.”
Para exemplificar alguns casos de preguiça mascarada de ocupação: uma pessoa chega do trabalho cansada e diz que não pode ajudar o filho nas tarefas de casa porque está exausta, mas se aparecer a oportunidade de ir para um show nesse mesmo dia, muito provavelmente ela irá; ou quando a pessoa se enche de atividades e diz que não teve tempo para fazer tal coisa que era uma obrigação, essa agenda lotada pode ser reflexo da preguiça de fazer o que foi adiado.
“O cansaço é uma coisa muito especializada. Sempre que se pensa nele, é muito conveniente perguntar: ‘Cansaço, para que coisas?’”
Depois de revelar tais máscaras da preguiça, Faus nos apresenta a virtude que se opõe à preguiça, que a Diligência. “Diligência é uma palavra que vem diretamente do verbo latino diligere, que significa amar.”
Quando se faz as coisas com amor, a preguiça não encosta. Mesmo nas tarefas mais banais do cotidiano devem ser feitas com amor e devoção, tal característica nos torna uma pessoa laboriosa que “Faz o que deve e está no que faz, não por rotina, nem para ocupar as horas, mas como fruto de uma reflexão atenta e ponderada”, ou seja, é necessário estar presente e amar aquilo que se faz para trabalhar de forma primorosa.
É importante frisar que o termo laborioso aqui empregado não é para aquela pessoa que trabalha 24h por dia e 7 dias por semana, mas aquela que trabalha de maneira dedicada. A nossa sociedade atual está marcada pelo excesso de produtividade, você tem que produzir o máximo que conseguir, mas é pobre em seu interior, logo a diligência meditativa do trabalho feito com amor é uma entrega que enche de significado até as pequenas coisas da vida.
Faus conclui que “guiado pela fé e o amor, o coração cristão aprende a descobrir, em cada pequeno dever, em cada um dos esforços necessários para a execução das tarefas cotidianas, uma oportunidade – cada dia renovada – de se dar mais, de servir melhor, de alcançar um novo grau de perfeição, de expressar uma generosidade mais alegre”.
Essa obra me tocou em particular, pois sempre me vi como uma pessoa ocupada e cansada para fazer tais e tais coisas. Gostei muito dos ensinamentos aqui dispostos.

O padre Francisco Faus é Bacharel em Direito e Doutor em Direito Canônico e Sacerdote da prelazia do Opus Dei, mora em São Paulo desde 1961 onde atua na formação cristã e atendimento espiritual.