LEE, HARPER. O Sol é para todos. 10° ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2015.
- Tradução de Beatriz Horta
- Título original: To kill a Mockinbird
- ISBN 978-85-03-00949-2
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Olá, leitores!
Eu li O Sol é para todos, da Harper Lee, e só tenho um sentimento: Que livro é esse, minha gente? Sensacional!
A autora descreve aqui o cenário de Maycomb, uma cidadezinha do Alabama, nos anos de 1930. Por aqui o que rola são as características das tradicionais famílias que formaram a região. A história é contada por Scout. uma garotinha de 8 anos que passa é muito amiga de seu irmão Jem e são criados pelo pai, Atticus, e pela empregada, Cal.
É engraçado a forma como Harper Lee coloca todas as expectativas que estão em cima do comportamento das garotas da época, como andar de vestido, usar colar de pérolas e pintar as unhas de nude, mas Scout leva o título de selvagem por muitos vizinhos pelo simples fato de que seu pai a deixa brincar com Jem e usar calças. A pequena, assim, desde muito cedo luta contra essas regras impostas pelos gêneros.
[…] Quando eu disse que usando vestido eu não conseguiria fazer nada, ela retrucou que eu não devia fazer nada exigisse calças compridas. P. 108
A discussão central da obra é sobre preconceito de cor e sobre ser justo. Atticus Finch é advogado e foi incumbido de defender Tom Robinson, um negro acusado de estuprar a filha mais velha de Bob Ewell. Os Ewell viviam por trás do lixão e eram conhecidos por viver às custas dos cheques do serviço social, ou seja, não trabalhavam, tinham pouca (quase nenhuma) higiene e pouquíssima educação.
Atticus é um homem a frente de seu tempo, já considerava os negros como iguais, ao contrário de toda a sociedade racista daquela época. Inclusive, ele e seus filhos sofriam ameaças e chacotas por ter essa visão mais avançada. O pai da família Finch é um homem tão centrado e tão justo que não fazia dois pesos e duas medidas, levaria um familiar ao tribunal, como qualquer outro se ele tivesse feito algo de errado.
A autora fala, ainda, sobre o fanatismo religioso daquela época, em que, para alguns, qualquer tipo de prazer era considerado pecado, mesmo que esse prazer consistisse em cultivar flores no jardim.
[…] às vezes a bíblia na mão de um determinado homem é pior do que uma garrafa de uísque na mão de … ah, do seu pai.
[…]
[…] O que eu quis dizer foi que, mesmo se Atticus Finch bebesse até cair, não seria tão cruel quanto alguns homens mesmo quanto estão completamente sóbrios. P. 62
O sol é para todos com certeza já entrou para lista das melhores leituras que fiz nesse ano. A escrita descontraída e divertida sob a perspectiva de uma criança inteligente e ávida por conhecer o mundo foi muito instigante, fez com que a trama carregasse diversos temas pesados e fosse leve ao mesmo tempo.
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