MORUS, Thomas. A Utopia. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2009.
Thomas Morus criticou em sua mais conhecida obra, a Utopia, o governo inglês de sua época. Referindo-se à política de cercamento como uma das principais responsáveis pelas mazelas do povo inglês. O cercamento é uma grande revolução agrícola que acontece no mundo feudal, onde as terras passam a ser cercadas e a pertencer a apenas um senhor.
As famílias camponesas que eram acostumadas a retirar o seu sustento das terras veem-se de mãos abanando enquanto que os senhores das terras se esbaldavam em lucros provenientes de terras que antes alimentavam o povo e no momento alimentava apenas as ovelhas que geravam lã e eram vendidas ao mercado. Lã esta que custava muito e que os pobres camponeses não poderiam pagar por elas.
Essa falta de acolhimento, para Morus, era a responsável por gerar pais de famílias dispostos a roubar para levar o sustento para casa, se o próprio Estado não pode prover as condições mínimas para o seu povo viver, como cobrar deles agir corretamente ao invés de tentar sobreviver a mais um dia? Podemos notar isso quando o autor descreve o que ele considera uma injustiça: “Minha convicção íntima, eminência, é que é injusto matar-se um homem por ter tirado dinheiro de outrem, desde que a sociedade humana não pode ser organizada de modo a garantir para cada um uma igual porção de bens.” P. 34-35
Essa falta de organização mencionada acima é também uma critica ao mal que as propriedades privadas acarretam, a desigualdade gerada entre os que ganham muito por proventos que vêm de suas terras e os que morrem de fome porque não têm oportunidade de trabalhar. Isso é ressaltado quando Morus ressalta que os utopianos dividem tudo o que plantam como se todos fosse parte de uma grande família.
Morus tece, ainda, um sistema de punir os transgressores sem precisar mata-los por seus crimes. A ideia de usar a sua força braçal para garantir o necessário à sua sobrevivência e os excedentes alimentar os cofres públicos, como uma ação de mão dupla que tira as pessoas da criminalidade, por oferecer itens básicos de sobrevivência, e gera renda ao Estado.
O primeiro livro que compõe a obra de Morus é montada ao estilo dos filósofos gregos, como um diálogo em que o viajado Rafael descreve os vários modelos de sociedade que conheceu ao longo de suas viagens ao lado de Américo Vespúcio.
Como um dos grandes pensadores do humanismo renascentista, Morus trata da condição humana no feudalismo decadente e logo em seguida propões a estruturação de uma sociedade ideal. O autor afirma que apesar de não acreditar que a tal ilha de Utopia exista, seria muito bom ver alguns aspectos democráticos de lá sendo colocados em prática no governo de seu país.